quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Malária



"Começou de repente, antes do almoço, enquanto nosso Land Rover sacolejava por uma trilha na Tanzânia. Cansaço, pensei, ou talvez calor. Talvez me sentisse melhor depois de parar um pouco, esticar o corpo e comer. Mas o almoço não trouxe alívio. Minha barriga doía e havia uma horrível sensação de enjôo. Voltei ao jipe e logo meu estômago revirado passou para o último lugar entre as minhas preocupações. Parecia que minha cabeça ia explodir. Minha visão ficou embaralhada, e todo o meu corpo latejava como se tivesse sido atropelado por um rinoceronte. No fim da tarde, arrastei-me para fora do carro e deitei no chão, imóvel. Tremendo sem controle, assumi uma posição fetal no meio da poeira do caminho e senti uma névoa baixando sobre a minha consciência. "Parece que ele está com malária", ainda consegui ouvir o meu guia dizer. "Tenho um kit com medicamentos", murmurei. Ele achou um frasco de tetraciclina e aplicou-me uma megadose do antibiótico. Em seguida, deu-me Fansidar, um poderoso antimalárico. A febre só cedeu as 2 da manhã. Menos de três horas depois, comecei a escalar o Ol Doinyo Lengai - o vulcão de 3.050 metros considerado sagrado pelos massais. Eu me sentia exausto, desidratado - e feliz por estar vivo. Como explicar a malária? Embora tivesse há meses tomando regularmente dois medicamentos antimaláricos, cloroquina e Paludrine, minhas defesas estavam esburacadas. Algumas semanas antes, descobrira vários rasgos no mosquiteiro. Estava trabalhando numa região no Quênia assolada por um tipo virulento de malária. Mas o mosquito que me picou estava infectado com parasitas que haviam desenvolvido resistência a esses remédios. Eu tive sorte, pois sobrevivi. Muitos, entretanto, não conseguem. A malária mata 3 mil crianças africanas a cada dia - mais de 1 milhão de vítimas fatais por ano". Hugh Sturrock

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