domingo, 2 de março de 2008

Entre os melhores


Juliana Boechat - Estagiária do Correio

Um programa de rádio, visitas semanais a asilos, incentivos para diminuir a evasão e melhorar o rendimento dos alunos fizeram o Centro de Ensino Stella dos Cherubins, de Planaltina, ficar entre as seis melhores escolas do país em administração escolar, de um total de 1.551 colégios que se inscreveram no concurso Gestão Escolar — Destaque Nacional.

Na primeira fase, apenas uma escola de cada unidade da Federação foi selecionada, no entanto, três estados não enviaram representantes. Ou seja, o centro de ensino de Planaltina passou à frente das outras 620 escolas públicas do DF. Na segunda etapa, entre as 24 escolas selecionadas apenas seis instituições chegaram à final, o colégio de Planaltina perdeu a disputa para a escola Aprendizado Marista Padre Lancísio, do município de Silvânia (GO), mas teve o trabalho reconhecido em todo o Brasil. O resultado do prêmio, destinado a escolas da rede pública e promovido pelo Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed), União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Fundação Roberto Marinho e Unesco, foi divulgado na última terça-feira.

Para concorrer ao prêmio, as escolas inscritas deveriam apresentar os melhores projetos realizados em 2006. A Stella dos Cherubins concorreu com três ações. Os alunos do ensino médio e fundamental desenvolveram um programa diário chamado Rádio Intervalo. Outra atividade é que os estudantes mantêm forte relação com os asilos da idade — eles lêem para os idosos, doam cestas básicas e fazem apresentações de teatro e dança. A direção da escola ainda criou monitorias para melhorar o desempenho das crianças, diminuir a evasão e desenvolver a auto-estima.

A iniciativa de modificar o ensino na unidade escolar surgiu em 2004, após um incidente em que uma aluna matou outra. O trauma foi grande para funcionários e alunos, mas o colégio conseguiu dar a volta por cima. A dificuldade uniu o grupo em volta do ideal de promover um ambiente melhor e uma identidade forte. Hoje em dia, ninguém gosta de relembrar o assunto. As únicas coisas que importam são a união e o resultado positivo da reação com o desenvolvimento dos projetos extracurriculares. “Saber que temos o potencial de receber um prêmio dessa magnitude nos deixa orgulhosos de ter feito tudo que fizemos”, diz a coordenadora pedagógica Adriana Labatovicz Paiva.

Ela garante que o diferencial em relação às outras escolas é a força de vontade. “Todo mundo consegue fazer um trabalho como o nosso, mas não pode ter preguiça. Quando realizamos um trabalho desses, as oportunidades de crescer aparecem”, explica. O diretor Adimário Rocha Barreto garante que já é uma vitória a escola ter a melhor gestão do Distrito Federal. “O bom resultado nos deu auto-estima e a certeza de que estamos no caminho certo”, diz.

BINGOS E VENDA DE RIFAS
Os projetos da rádio e do apoio em asilos nasceram de idéias dos professores e da força de vontade de funcionários e alunos. As crianças promoveram bingos e venderam rifas para comprar os aparelhos de som para a rádio, de datashow para passar filmes e apresentar trabalhos. O diretor Adimário explica que, hoje em dia, ter aparelhos tecnológicos é importante para o aprendizado.

O programa de rádio apresentado pelos alunos na emissora é o Intervalo, que toca música antes das aulas e na hora do recreio. O programa é feito pelos alunos dos ensinos fundamental e médio. Com uma reunião prévia, eles decidem os assuntos do próximo programa e as músicas que serão tocadas. “Somos reconhecidos nos corredores porque fazemos o programa”, diz a aluna da 7ª série, Isabela Aguiar. Mas a produção do programa vai além de diversão. “Tenho que prestar atenção em qual é o meu dia de fazer a rádio, senão a escola fica sem notícia ou música. Além disso, tenho de tirar nota boa para participar do projeto”, explica.

Ela comenta que no início do ano a professora responsável pela rádio, Gizelma Augusto, explicou o trabalho que seria feito. Só os cinco alunos que se comprometeram a fazer o trabalho e a tirar notas boas levaram o projeto à frente. No início, a professora tinha de acompanhar de perto cada movimento dos alunos na sala de rádio. “Se eu não estivesse presente, eles ficavam perdidos, mas agora não é mais essencial. Eles aperfeiçoaram o trabalho sozinhos”, comenta Gizelma.

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