domingo, 2 de março de 2008

Rotina de incerteza para ter documento

Juliana Boechat - Estagiária do Correio

Quem precisar tirar a primeira ou a segunda vias ou ainda renovar a carteira de identidade no DF terá de ter muita paciência para enfrentar filas e correr o risco de até não ser atendido. Os 18 postos (15 delagacias e três unidades do Na Hora) da Polícia Civil localizados no Plano Piloto e em outras cidades amanhecem o dia com filas e chegam a receber uma média de mil pessoas em busca do serviço, mas apenas 700 conseguem ser atendidas. Em algumas regiões os postos abrem a partir das 12h e distribuem cerca de 30 senhas todos os dias, com exceção de Planaltina e Gama que abrem durante o dia todo e, juntos, atendem até 100 pessoas (veja quadro).

No Plano Piloto, apenas a unidade do programa Na Hora, da Rodoviária e o posto policial da 112/113 Sul estão abertos à população. No posto da Asa Sul, que funciona a partir de meio-dia, a fila começa a se formar às 7h30, quando as pessoas que não foram atendidas na Rodoviária buscam outras opções. O Na Hora é o mais procurado. As senhas começam a ser distribuídas às 7h30, mas há quem chegue na Rodoviária às 5h, formando uma fila de até 200 pessoas. Apenas 90 são atendidas.

Vários fatores dificultam o atendimento nessa época do ano. O diretor adjunto do Instituto de Identidade da Polícia Civil, Taã Oliveira Queiroz, diz que a demanda aumenta 70% em janeiro, quando se compara a quantidade atendida ao longo do semestre letivo. Neste mês, muitas pessoas tentam regularizar a situação civil para viajar, inscrever-se em concursos, matricular-se em faculdades e escolas.

É também a época em que as pessoas têm tempo para resolver esse tipo de problema, que requer dedicação para acompanhar todas as etapas do processo. “Muitos preferem tirar carteira de identidade a tirar passaporte para viajar para os países próximos ao Brasil, como Argentina e Uruguai. Isso aumenta a demanda”, explica Taã.

Poucos funcionários
A falta de mão-de-obra é o maior problema. Em alguns casos, apenas um perito atende as pessoas, como acontece no posto de São Sebastião. Lá, o perito se esforça para atender 15 pessoas por dia, além de fazer os relatórios individuais dos casos e classificar as digitais para saber se estão válidas ou não, como é obrigatório em postos policiais. Desde 2005, apenas um perito trabalha no local que também atende os processos criminais, constantes devido à proximidade do posto com o presídio da Papuda. O Riacho Fundo é outro exemplo de dificuldade porque apenas uma perita e uma estagiária atendem no local. A Polícia Civil está ciente do problema, mas a situação vai demorar a mudar. A esperança de solução é o edital do concurso público da Polícia Civil.

Enquanto isso, os postos que antigamente atendiam a população no Plano Piloto, na 204 Norte e na 308 Sul, estão fechados e sem previsão de reabertura. A opção dos moradores é o posto da 112/113 Sul ou o Na Hora da Rodoviária. O posto da entrequadra abre às 12h, mas às 11h já tem mais de 50 pessoas na fila, mesmo que esse seja o número de pessoas atendidas por dia.

Hugo Junior Pereira, 16 anos, quer tirar a primeira carteira e diz que o pai insiste todos os dias para ele resolver o problema. “Ja é o quinto dia que eu tento e não consigo”, diz. Desta vez, ele chegou às 8h na fila para garantir a senha. Priscila Cruvinel Viscardi, 15 anos precisa renovar a carteira todos os anos porque a digital dela tem defeito e afirma que nunca teve tanta dificuldade para renovar o documento. “Quando cheguei às 7h na rodoviária as senhas já tinham acabado”, relata. Thaís Nascimento Silva, 25 anos, e Silmara Machado Mendes, 23, estavam no final da fila às 11h. Elas não sabiam quantas pessoas estavam na frente e se conseguiriam ser atendidas, e não é a primeira vez que procuram o serviço.

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