Juliana Boechat - Estagiária do Correio
No dia 15 de março deste ano, o ciclista Norberto Fischer, 39 anos, foi atingido pelo retrovisor de uma van que entrou a 70 km/h no acostamento da QI 23 do Lago Sul. Depois de dois meses esperando para recuperar o movimento do braço e da perna direita, Fischer queria comemorar. Ele marcou com os amigos em um domingo, no Eixão, para uma grande volta de bicicleta e um piquenique embaixo de uma árvore.
Há 16 anos, milhares de brasilienses aproveitam o Eixão nos domingos e feriados para passear e praticar esportes. Mas no ano que vem, o cenário vai mudar: bicicletas darão lugar a automóveis. O motivo é a revitalização da BR-450, também conhecida como Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia). A obra foi iniciada há 15 dias, mas a polêmica começou quando o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) anunciou, no dia 12, que o Eixão serviria de alternativa aos motoristas que precisam usar a BR.
O presidente da ONG Rodas da Paz, Maurício Gonçalves, já se manifestou. Para ele, o Eixo é um grande espaço de cultura e atividades recreativas, e não se justifica tirar o sossego dos ciclistas e pedestres para beneficiar os motoristas. “As autoridades pensam em tudo para o veículo, mas nada a favor da democratização do espaço público”, critica. Maurício vai organizar um abaixo-assinado amanhã para saber o que as pessoas acham sobre a novidade elevá-lo aos responsáveis pela decisão. “Só não queremos que seja mais uma promessa provisória que vire permanente”, completa.
Romeu Correia de Macedo também é contra a abertura do Eixão para carros. Morador de Sobradinho, trabalha na Asa Sul e vai e volta do trabalho todos os dias de bicicleta. Mas, para ele, a bicicleta é mais que um veículo de locomoção, é motivo de passeio e lazer. “É no domingo que eu tenho tempo para curtir e andar tranqüilamente”, explica. Segundo ele, durante a semana, é muito perigoso andar no Eixão por causa da grande quantidade de veículos e da velocidade que eles desenvolvem na via. “Já faço isso há 12 anos, então o medo diminuiu, mas ainda levo sustos constantemente. Os carros passam muito perto da gente e não sinalizam. É muito perigoso”, conta. Ele ainda cita que aos domingos, o fluxo que desvia da Epia não vai ser tão grande, o que torna a pista mais perigosa: “Quando tem menos carro, eles andam mais rápido e é pior ainda para os pedestres e ciclistas”.
A obra da Epia está prevista para durar 370 dias. Enquanto isso, os eixos L e W, a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e a Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) vão servir de itinerários alternativos. O DER vai ainda construir um desvio de terra ao lado das faixas que serão recuperadas e uma faixa será liberada ao tráfego. Dos 36,8 km de pista, 15,6 km serão duplicados, do Balão do Torto ao trevo do Parkshopping. Para o superintendente de obras do DER, Rui Corrêa Vieira, quem passa na frente da Rodoferroviária vê a situação caótica do trânsito, o que torna a obra “extremamente necessária”. Para ele, as reclamações por causa da abertura do Eixão não têm fundamento. “É uma minoria reclamando de algo que será melhor para a maioria. Quem quiser praticar esportes e ter momentos de lazer, pode ir ao Parque da Cidade e ao Parque Olhos d’Água, por exemplo”, diz.
Especialista em segurança e trânsito e professor da UnB, David Duarte, explica que as vias têm uma capacidade máxima de peso e número de veículos, e diz que o transtorno é normal. “Quando você interrompe uma rua, se não houver uma reestruturação no resto da cidade, vira um caos. Uma das adequações às necessidades, pode ser a utilização do Eixão, sim”, diz. Para ele, a Epia precisa ser recuperada, pois é uma via que suporta veículos pesados e está bastante estragada. “Agora, a preocupação deverá ser com os ciclistas e pedestres no Eixão, para o número de acidentes não aumentar”, defende.
A opinião da população que mora perto do Eixão está dividida. Viviane da Silva Cardoso, 27 anos, mora no Rio de Janeiro e visita os pais em Brasília em finais de semana e feriados. Ela gosta de correr e andar no local. “Vai prejudicar um pouco, mas precisamos ter paciência. É apenas um dia na semana e uma alternativa é andar em volta da quadra”, explica. Mas a instrutora de yoga Janete Salvador é mais radical: “Achem outra solução. O governo me dá um problema, mas não me dá nenhuma solução”. Ela costuma andar com o cachorro aos domingos no Eixão e não gostou da novidade.
No dia 15 de março deste ano, o ciclista Norberto Fischer, 39 anos, foi atingido pelo retrovisor de uma van que entrou a 70 km/h no acostamento da QI 23 do Lago Sul. Depois de dois meses esperando para recuperar o movimento do braço e da perna direita, Fischer queria comemorar. Ele marcou com os amigos em um domingo, no Eixão, para uma grande volta de bicicleta e um piquenique embaixo de uma árvore.
Há 16 anos, milhares de brasilienses aproveitam o Eixão nos domingos e feriados para passear e praticar esportes. Mas no ano que vem, o cenário vai mudar: bicicletas darão lugar a automóveis. O motivo é a revitalização da BR-450, também conhecida como Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia). A obra foi iniciada há 15 dias, mas a polêmica começou quando o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) anunciou, no dia 12, que o Eixão serviria de alternativa aos motoristas que precisam usar a BR.
O presidente da ONG Rodas da Paz, Maurício Gonçalves, já se manifestou. Para ele, o Eixo é um grande espaço de cultura e atividades recreativas, e não se justifica tirar o sossego dos ciclistas e pedestres para beneficiar os motoristas. “As autoridades pensam em tudo para o veículo, mas nada a favor da democratização do espaço público”, critica. Maurício vai organizar um abaixo-assinado amanhã para saber o que as pessoas acham sobre a novidade elevá-lo aos responsáveis pela decisão. “Só não queremos que seja mais uma promessa provisória que vire permanente”, completa.
Romeu Correia de Macedo também é contra a abertura do Eixão para carros. Morador de Sobradinho, trabalha na Asa Sul e vai e volta do trabalho todos os dias de bicicleta. Mas, para ele, a bicicleta é mais que um veículo de locomoção, é motivo de passeio e lazer. “É no domingo que eu tenho tempo para curtir e andar tranqüilamente”, explica. Segundo ele, durante a semana, é muito perigoso andar no Eixão por causa da grande quantidade de veículos e da velocidade que eles desenvolvem na via. “Já faço isso há 12 anos, então o medo diminuiu, mas ainda levo sustos constantemente. Os carros passam muito perto da gente e não sinalizam. É muito perigoso”, conta. Ele ainda cita que aos domingos, o fluxo que desvia da Epia não vai ser tão grande, o que torna a pista mais perigosa: “Quando tem menos carro, eles andam mais rápido e é pior ainda para os pedestres e ciclistas”.
A obra da Epia está prevista para durar 370 dias. Enquanto isso, os eixos L e W, a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e a Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) vão servir de itinerários alternativos. O DER vai ainda construir um desvio de terra ao lado das faixas que serão recuperadas e uma faixa será liberada ao tráfego. Dos 36,8 km de pista, 15,6 km serão duplicados, do Balão do Torto ao trevo do Parkshopping. Para o superintendente de obras do DER, Rui Corrêa Vieira, quem passa na frente da Rodoferroviária vê a situação caótica do trânsito, o que torna a obra “extremamente necessária”. Para ele, as reclamações por causa da abertura do Eixão não têm fundamento. “É uma minoria reclamando de algo que será melhor para a maioria. Quem quiser praticar esportes e ter momentos de lazer, pode ir ao Parque da Cidade e ao Parque Olhos d’Água, por exemplo”, diz.
Especialista em segurança e trânsito e professor da UnB, David Duarte, explica que as vias têm uma capacidade máxima de peso e número de veículos, e diz que o transtorno é normal. “Quando você interrompe uma rua, se não houver uma reestruturação no resto da cidade, vira um caos. Uma das adequações às necessidades, pode ser a utilização do Eixão, sim”, diz. Para ele, a Epia precisa ser recuperada, pois é uma via que suporta veículos pesados e está bastante estragada. “Agora, a preocupação deverá ser com os ciclistas e pedestres no Eixão, para o número de acidentes não aumentar”, defende.
A opinião da população que mora perto do Eixão está dividida. Viviane da Silva Cardoso, 27 anos, mora no Rio de Janeiro e visita os pais em Brasília em finais de semana e feriados. Ela gosta de correr e andar no local. “Vai prejudicar um pouco, mas precisamos ter paciência. É apenas um dia na semana e uma alternativa é andar em volta da quadra”, explica. Mas a instrutora de yoga Janete Salvador é mais radical: “Achem outra solução. O governo me dá um problema, mas não me dá nenhuma solução”. Ela costuma andar com o cachorro aos domingos no Eixão e não gostou da novidade.
Um comentário:
Olá a todos,
Contra a absurda decisão de abertura do Eixão para a circulação de carros nos domingos e feriados, reduzindo o horário disponível para o lazer comunitário, democrático e gratuito que o espaço representa para toda a comunidade Brasiliense, sugiro que ciclistas, pedestres, maratonistas, patinadores, esportistas, profissionais, amadores ou os de fim de semana, e outros representantes da sociedade civil se mobilizem e se manifestem, conjuntamente.
O Eixão do Lazer é um espaço público educativo para a comunidade brasiliense, que oportuniza uma relação mais humana com a cidade de "concreto e aço" ao estimular a substituição do automóvel pela bicicleta, patins, tênis, etc, alternativas simples para o deslocamento do cidadão pelo espaço urbano. Mesmo que restrito a um dia da semana e, eventualmente, nos feriados esta atividade não pode deixar de existir e é nosso papel sair sua defesa e na defesa dos interesses comunitários.
Sugiro um ato público coordenado que faça visível nossa indignação. Que este ato seja realizado no próprio eixo rodoviário e que congregue os freqüentadores do “Eixão do Lazer” da Asa Norte a Asa Sul.
Quem se habilita a entrar neste movimento?!
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