domingo, 2 de março de 2008

Brasiliense morre em cachoeira




Juliana Boechat - Estagiária do Correio

O secretário da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, Fernando Luiz Cunha Rocha, 48 anos, morreu ontem, às 11h, num acidente em Alto Paraíso (GO). O secretário estava de férias com a família na cidade, quando resolveu visitar uma das quedas d'água mais famosas da região, a Cachoeira Raizama. Fernando, a esposa, a mãe e os dois filhos chegaram ontem de manhã cedo e logo saíram para passear. Nas pedras mais altas do ponto turístico, Fernando pulou na água para tirar foto, mas na volta escorregou e desapareceu na queda d’água de 50 metros de altura. O passeio virou uma tragédia. Fernando foi levado pela correnteza e caiu de cabeça em uma região cheia de pedras. Ele morreu na hora.

O Grupo de Guias de Alto Paraíso, com prática de resgates desse tipo, retirou o corpo do local antes que fosse levado pela correnteza. O sargento do Batalhão de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, Luiz Antônio Aquino Caetano, chegou ao local para auxiliar o resgate e encontrou a família do secretário já a caminho do Instituto Médico Legal (IML) de Formosa (GO). Ele explica que nessa época do ano, os acidentes se tornam mais freqüentes por causa da quantidade de chuva. “Resgatamos pessoas que caem no rio e não conseguem sair devido à grande força da água”, relata. Mas diz que em 2008 ainda não tinha ocorrido nenhum caso de queda nas cachoeiras de Alto Paraíso.

No verão, os cuidados dos turistas nas cachoeiras próximas ao Distrito Federal devem ser redobrados. Segundo o chefe de comunicação dos Bombeiros, major Rogério Soares, os banhistas devem se informar se não está chovendo na cabeceira do rio em que vão se banhar. “Se chove no começo do rio, o volume de água aumenta e a força é muito maior, formando as trombas d’água”, explica. A queda do Raizama tem 50 metros de altura e está localizada na fazenda de mesmo nome. O local fica perto do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, próximo à cidade de São Jorge a 239 km de Brasília. A cachoeira costuma receber pessoas que querem acampar, praticar rapel ou esportes radicais, como canoagem.

Fernando Luiz tem uma casa em São Jorge onde costumava passar férias e feriados. Ele trabalhava na Câmara dos Deputados havia cerca de 30 anos, e se tornou secretário da Comissão de Relações Exteriores em 2001. Uma colega de trabalho que não quis se identificar disse que os funcionários do gabinete do secretário ficaram muito abalados com a notícia. “Trabalhamos juntos há sete anos, eu gostava muito dele. Era uma pessoa boa e competente, que conseguia manter toda a equipe unida”, lembra.

O chefe da comunicação dos Bombeiros, major Rogério Soares, diz que os cuidados para quem visita cachoeiras valem para qualquer época do ano. Segundo ele, as pedras ao redor das quedas d'água costumam ser muito lisas, limpas e escorregadias, e ficam ainda mais perigosas com água. Os banhistas não devem entrar no rio sozinhos nem deixar crianças desacompanhadas; também não é seguro mergulhar de ponta, pois o movimento de água modifica o relevo do rio. Se alguém estiver se afogando, o resgate deve ser auxiliado por uma corda ou um galho e, se a pessoa não souber nadar direito, não deve pular na água para ajudar.

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