Caderno especial Taguatinga 50 anos.
Taguatinga nasceu em 5 de junho de 1958. Lucio Costa havia planejado uma cidade-dormitório para os pioneiros que erguiam a nova capital do Brasil. Mas não imaginava que em pouco tempo o cerrado daria lugar à localidade mais populosa do Distrito Federal. Naquela época, desbravadores de várias partes do país, nordestinos na maioria, chegavam ao Planalto Central em busca de emprego. Três meses antes da inauguração de Taguatinga, o maranhense Nenesio Aragão Duarte, 69 anos, mudou-se para a região. A partir de então, a cidade e a família de Aragão cresceram juntos.
Nenesio lembra o que viu quando chegou: "Era muita poeira e mato. Tinha quatro tratores abrindo ruas, uma barraca de lona com uma placa da Administração de Taguatinga e uma caminhonete amarela estacionada". A Novacap recrutava funcionários do governo e o maranhense foi um dos selecionados. Eles tinham que cadastrar pessoas transferidas da avenida W3 e da Vila Amauri, que acabou tragada pelas águas do Lago Paranoá, para os alojamentos provisórios da futura cidade. Mas não foi fácil. "Ninguém queria morar no meio do mato, sem conforto algum. Dois dias depois, todo mundo voltava de onde tinha vindo", lembra Nenesio.
Ao mesmo tempo em que Brasília era erguida, Taguatinga tomava forma rapidamente. Nos primeiros 10 dias, 4 mil pessoas moravam na região, ainda sem infra-estrutura, luz e água. Poucas famílias tinham condições de manter um gerador. "O resto da vila vivia na escuridão", conta Nenesio. Alguns cavavam poços artesanais que chegavam a 20m de profundidade. "A inauguração de Brasília se aproximava e o trabalho apertava. As pessoas trabalhavam o tempo todo e dormiam às 20h. Nada podia ser feito na escuridão", conta o pioneiro.
A situação começou a mudar em 1960. Os equipamentos públicos de saúde e educação apareciam aos poucos e a cidade tinha 30 mil habitantes. Na virada dos anos 50 para os 60, Nenesio conheceu a atual mulher, Gersina de Sousa Duarte, 62, em uma festa junina na igreja Nossa Senhora do Pérpetuo Socorro, onde hoje funciona o Centro Educacional Stella Maris. Três anos depois, já casados, tiveram contato com os primeiros telefones instalados na cidade. E em 1969, o número de aparelhos havia se multiplicado: 400, no total, e um posto de serviços para ligações interurbanas.
Até 1973, a família Aragão morou no centro da cidade e, à luz de velas e lampião, viu Taguatinga se transformar. A partir de 1966, as ruas foram asfaltadas, as primeiras lojas comerciais apareceram e a madeira das casas foi substituída por alvenaria. "Também reformamos a nossa casa", lembra, orgulhosa, Gersina. O casal teve dois filhos: José Vital, 45, e Tânia Regina, 43. A relação das crianças com a cidade já era bem diferente. As ruas eram asfaltadas, iluminadas e viravam palcos de brincadeiras de rua.
Na adolescência, Tânia só saía da cidade para fazer faculdade. À noite, freqüentava com os amigos os lugares mais badalados de Taguatinga: a Praça do DI, a sorveteria Cogumelos e lanchonete Sanducha. Um cinema e festas na casa dos colegas também caíam bem. A volta para casa era a pé, à noite, sem perigo. Depois que casou, ela saiu de Taguatinga. "Foi a melhor época da minha vida. Fui feliz aqui", recorda Tânia.
Verticalização
Por volta de 1968, Taguatinga tinha 100 mil habitantes e mais de 12 mil crianças foram registradas na cidade. Sinal de que o crescimento estava só começando. O comércio se consolidava. Eram mil estabelecimentos, 50 indústrias leves e hortifrutigranjeiros. Em 1979, Taguatinga estava com outra cara. Não podia mais ser comparada àquela pequena cidade de interior de 20 anos antes. Mas o espaço era cada vez mais escasso e a cidade não podia mais crescer no sentido horizontal. O caminho era a verticalização: os prédios comerciais construíram o segundo andar e os edifícios residenciais altos começaram a aparecer. No meio da explosão imobiliária, nascia o filho mais novo de seu Aragão, Wesley Duarte, 29 anos.
Dona Gersina temia aquela expansão: já havia problemas com segurança e trânsito. Temerosa, ela não dava a Wesley a mesma liberdade que concedeu aos outros filhos. As brincadeiras de infância eram perto de casa. A adolescência nas boates, como a London London, no centro. Antes de entrar, ele e os amigos ficavam na Praça do DI com os sons dos carros ligados em alto volume. "Rachas e pegas viraram moda. Muita gente morreu em acidentes", lembra ele.
Com 30 anos, em 1988, Taguatinga beirava os 500 mil habitantes e estava entre as 45 maiores cidades do país. Em 2005, a cidade tinha 259,1 mil moradores. Neste ano, são quase 300 mil, entre eles, os Aragão (seu Nenesio já tem dois netinhos). O futuro, diz o administrador Benedito Domingos, deverá ser bem planejado. "Precisamos de mais prédios e haverá uma área de diversão e revenda de carros depois da saída norte. Taguatinga virou um pólo econômico, social, de educação e saúde para outras cidades do DF e de Goiás. A tendência é só melhorar", resume o político.
Taguatinga nasceu em 5 de junho de 1958. Lucio Costa havia planejado uma cidade-dormitório para os pioneiros que erguiam a nova capital do Brasil. Mas não imaginava que em pouco tempo o cerrado daria lugar à localidade mais populosa do Distrito Federal. Naquela época, desbravadores de várias partes do país, nordestinos na maioria, chegavam ao Planalto Central em busca de emprego. Três meses antes da inauguração de Taguatinga, o maranhense Nenesio Aragão Duarte, 69 anos, mudou-se para a região. A partir de então, a cidade e a família de Aragão cresceram juntos.
Nenesio lembra o que viu quando chegou: "Era muita poeira e mato. Tinha quatro tratores abrindo ruas, uma barraca de lona com uma placa da Administração de Taguatinga e uma caminhonete amarela estacionada". A Novacap recrutava funcionários do governo e o maranhense foi um dos selecionados. Eles tinham que cadastrar pessoas transferidas da avenida W3 e da Vila Amauri, que acabou tragada pelas águas do Lago Paranoá, para os alojamentos provisórios da futura cidade. Mas não foi fácil. "Ninguém queria morar no meio do mato, sem conforto algum. Dois dias depois, todo mundo voltava de onde tinha vindo", lembra Nenesio.
Ao mesmo tempo em que Brasília era erguida, Taguatinga tomava forma rapidamente. Nos primeiros 10 dias, 4 mil pessoas moravam na região, ainda sem infra-estrutura, luz e água. Poucas famílias tinham condições de manter um gerador. "O resto da vila vivia na escuridão", conta Nenesio. Alguns cavavam poços artesanais que chegavam a 20m de profundidade. "A inauguração de Brasília se aproximava e o trabalho apertava. As pessoas trabalhavam o tempo todo e dormiam às 20h. Nada podia ser feito na escuridão", conta o pioneiro.
A situação começou a mudar em 1960. Os equipamentos públicos de saúde e educação apareciam aos poucos e a cidade tinha 30 mil habitantes. Na virada dos anos 50 para os 60, Nenesio conheceu a atual mulher, Gersina de Sousa Duarte, 62, em uma festa junina na igreja Nossa Senhora do Pérpetuo Socorro, onde hoje funciona o Centro Educacional Stella Maris. Três anos depois, já casados, tiveram contato com os primeiros telefones instalados na cidade. E em 1969, o número de aparelhos havia se multiplicado: 400, no total, e um posto de serviços para ligações interurbanas.
Até 1973, a família Aragão morou no centro da cidade e, à luz de velas e lampião, viu Taguatinga se transformar. A partir de 1966, as ruas foram asfaltadas, as primeiras lojas comerciais apareceram e a madeira das casas foi substituída por alvenaria. "Também reformamos a nossa casa", lembra, orgulhosa, Gersina. O casal teve dois filhos: José Vital, 45, e Tânia Regina, 43. A relação das crianças com a cidade já era bem diferente. As ruas eram asfaltadas, iluminadas e viravam palcos de brincadeiras de rua.
Na adolescência, Tânia só saía da cidade para fazer faculdade. À noite, freqüentava com os amigos os lugares mais badalados de Taguatinga: a Praça do DI, a sorveteria Cogumelos e lanchonete Sanducha. Um cinema e festas na casa dos colegas também caíam bem. A volta para casa era a pé, à noite, sem perigo. Depois que casou, ela saiu de Taguatinga. "Foi a melhor época da minha vida. Fui feliz aqui", recorda Tânia.
Verticalização
Por volta de 1968, Taguatinga tinha 100 mil habitantes e mais de 12 mil crianças foram registradas na cidade. Sinal de que o crescimento estava só começando. O comércio se consolidava. Eram mil estabelecimentos, 50 indústrias leves e hortifrutigranjeiros. Em 1979, Taguatinga estava com outra cara. Não podia mais ser comparada àquela pequena cidade de interior de 20 anos antes. Mas o espaço era cada vez mais escasso e a cidade não podia mais crescer no sentido horizontal. O caminho era a verticalização: os prédios comerciais construíram o segundo andar e os edifícios residenciais altos começaram a aparecer. No meio da explosão imobiliária, nascia o filho mais novo de seu Aragão, Wesley Duarte, 29 anos.
Dona Gersina temia aquela expansão: já havia problemas com segurança e trânsito. Temerosa, ela não dava a Wesley a mesma liberdade que concedeu aos outros filhos. As brincadeiras de infância eram perto de casa. A adolescência nas boates, como a London London, no centro. Antes de entrar, ele e os amigos ficavam na Praça do DI com os sons dos carros ligados em alto volume. "Rachas e pegas viraram moda. Muita gente morreu em acidentes", lembra ele.
Com 30 anos, em 1988, Taguatinga beirava os 500 mil habitantes e estava entre as 45 maiores cidades do país. Em 2005, a cidade tinha 259,1 mil moradores. Neste ano, são quase 300 mil, entre eles, os Aragão (seu Nenesio já tem dois netinhos). O futuro, diz o administrador Benedito Domingos, deverá ser bem planejado. "Precisamos de mais prédios e haverá uma área de diversão e revenda de carros depois da saída norte. Taguatinga virou um pólo econômico, social, de educação e saúde para outras cidades do DF e de Goiás. A tendência é só melhorar", resume o político.
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