quinta-feira, 5 de junho de 2008

Perigo sob as marquises



Juliana Boechat - Estagiária do Correio Braziliense

Uma operação conjunta da Defesa Civil, Polícia Militar e Subsecretaria de Fiscalização (Sufis) percorreu o comércio da M Norte, em Taguatinga, para fazer uma varredura nas marquises dos prédios da região. No primeiro dia, 79 edifícios comerciais foram vistoriados e 22 notificados por estarem em estado gravíssimo. A vistoria continua hoje pela manhã em mais 30 prédios da comercial. Os proprietários desses estabelecimentos terão dois dias para providenciar um laudo técnico sobre as estruturas feito por um engenheiro. Caso sejam constatadas irregularidades, a obra de correção deverá ser realizada o mais rápido possível. Quem não cumprir o prazo será multado.

Segundo o engenheiro-chefe do núcleo de vistorias da Defesa Civil, major Vicente Tomaz de Aquino Junior, as marquises notificadas durante a operação ofereciam risco iminente e terão de passar por uma reforma o mais rápido possível. "Queremos evitar acidentes. Mostramos às pessoas como as construções estão erradas e notificamos, mas depois elas devem resolver a situação", explicou. A Sufis se responsabiliza pelo acompanhamento do trabalho e por verificar se a obra está sendo realizada conforme as orientações. O valor mínimo da multa, de R$ 570, aumenta de acordo com a área da marquise considerada perigosa.

As maiores irregularidades observadas pela equipe de fiscalização foram infiltrações, sobrecarga, inclinação da ponta da construção e apoio indevido. Um dos casos mais perigosos foi encontrado no comércio das quadras 36/38. A estrutura de ferro estava à mostra e enferrujada. O apoio era feito por duas hastes e o centro da marquise estava rebaixado. Um dos funcionários da loja, Cristiano Hércules, 30 anos, concordou com a fiscalização e disse que a reforma da fachada deveria ter sido feita há muito tempo. "Tem gente que se pendura nas hastes e parece que o teto vai despencar. Há um ano e meio arrancaram a luz que ficava no meio com um tapa. A qualquer momento essa estrutura vai ceder", relata.

O dono do Bloco E, Lote 1, Arnóbio Sousa Milhomem, 59 anos, foi notificado e diz ter sido pego de surpresa. Ele construiu o prédio há 22 anos e a fiscalização nunca tinha reclamado de nada. Por isso, ele acreditava que o edifício não apresentava irregularidades. "Vou chamar um engenheiro e fazer tudo dentro da lei, mas é uma tarefa complicada. Não sei quanto o especialista vai me cobrar pelo serviço e se vou ter o dinheiro para pagar", diz. O fiscal de atividades urbanas da Sufis Sandro Rodrigues garante que os prédios continuarão a ser fiscalizados. "Queremos manter a segurança e não multar ou fechar todos os estabelecimentos", garante.

Perigo
O professor de engenharia civil da Universidade de Brasília (UnB) Dickran Berberian diz que a marquise é uma construção perigosa, pois não dá sinais antes de desabar. "O único sintoma é a pequena inclinação da ponta da estrutura. Após perceber esse problema, o proprietário deve procurar um especialista para tomar as providências corretas", orienta. O primeiro sinal pode ser causado por excessiva carga e encanamentos bloqueados, que acumulam grande quantidade de água na ponta da construção.

Segundo o professor, a marquise é composta por duas estruturas metálicas. Quando a parte superior, ligada à parede do prédio, é rompida, as chances de desabamento são grandes. "A parte de cima pode ceder completamente, mas a de baixo continua inteira. Quem estiver passando pelo local corre o risco de ser esmagado contra a fachada do edifício", explica. Esse tipo de desabamento pode acontecer por diversos motivos: falta de vistoria, tubos de escoamento de água congestionados, infiltrações com água poluída que destrói o ferro da estrutura e peso excessivo na ponta da marquise. O conselho do professor é fazer a manutenção constante.

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