Juliana Boechat - Estagiária do Correio Braziliense
Parte da matéria de Guilherme Goulart publicada em 27 de agosto de 2008
Fotos: Cadu Gomes
É fácil encontrar becos abandonados e malcuidados em Taguatinga. O espaço entre as casas 13 e 15 do Conjunto C, na QNM 42, tem montes de entulho e lixo espalhados pelo chão. Um dos moradores da rua colocou fogo na grama há poucos dias para aumentar a segurança. A dona da casa 15, Luciane Alessandra da Silva, 32, também presenciou várias tentativas da população de recuperar a área. "Pelo menos, conseguimos cortar a grama. Antes, era difícil enxergar uma pessoa no beco devido à altura do mato", afirmou.
Uma das portas da casa de Luciane fica virada para o beco. Quando ela precisa entrar pelos fundos, tem medo de assaltos. "Não tem iluminação. Olho várias vezes antes de entrar no lote para garantir que está vazio", contou. Ela defende a iniciativa do GDF em ocupar a região. "Não podemos usar mesmo, então é melhor construir algo ali. Dá mais segurança, pelo menos", avaliou. Segundo ela, várias amigas foram assaltadas em outros becos do conjunto nos últimos meses.
A história do beco do Conjunto A, da QNM 38 de Taguatinga é um pouco melhor. O espaço chama a atenção pelo contraste. Um lado tem cascalho e mato. O outro conta com um jardim. Há alguns anos, um policial militar tentou levantar um imóvel no lugar. Mas a construção acabou demolida pelo governo local em 2003. A partir de então, os dois vizinhos se responsabilizaram pela manutenção da área. Segundo a moradora da casa 33, Ronalda da Silva Ramos, 53 anos, vizinha ao beco, antes o mato era alto, cheio de lixo e entulho. "Agora, pelo menos os jovens não se reúnem para usar drogas", disse.
Quando Ronalda se mudou para a casa, há dois anos, a região era perigosa. A porta da casa tinha marcas de tiro. Também havia roubos de carros na rua. Colocou, então, telha no quintal para impedir pessoas de pularem para dentro da casa dela. "O cheiro era insuportável. Tinha até um sofá no meio do mato para as pessoas usarem drogas." Ronalda agora até ajuda a manter o beco bem cuidado e com mato cortado. "Às vezes, fico o fim de semana todo limpando o terreno. Mesmo assim, algumas pessoas continuam jogando entulho e lixo", reclamou.
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